6 de nov. de 2007

Expressões

Existem determinadas expressões brasileiras que mudam de estado para estado. Um exemplo é a expressão "ficar de mal", que em alguns lugares fica como sugere a música de João Nogueira, "Espelho".
" ...troquei de mal com Deus por me levar meu pai..."
Em São Paulo ninguém fala "troquei de mal", que é próprio do Rio de Janeiro e de outras regiões. Em São Paulo se fala "fiquei de mal".
Nessa mesma letra João Nogueira escreve "... um dia eu me tornei o bambambã da esquina...". Bambambã; é uma expressão conhecida em todo o território nacional: o bambambã do futebol, o número 1 do time.
Essa variação de expressões, de lugar para lugar, é normal, comum. Em São Paulo, as pessoas descem do ônibus. No Rio de Janeiro, elas saltam do ônibus. A média na capital paulista é café com leite. Em Santos, média é um pãozinho. Pãozinho, em Itú - SP, é filão. O filão em São Paulo - capital é um pão grande.
A língua oficial não pode ser usada o tempo todo e em qualquer situação, por isso as variações existem e são riquíssimas.
É o caso da palavra "cacete". A palavra cacete em língua culta significa enfadonho, "um filme enfadonho, um filme cacete".
O professor Pasquale conta um caso que lhe ocorreu em Salvador. Em uma padaria, ao pedir 5 pãezinhos, a balconista anunciou ao padeiro "Salta 5 cacetinhos".
Seria estranho, em São Paulo, alguém pedir em uma padaria "cinco cacetinhos". No entanto, a expressão "do cacete" é popularíssima, já está consagrada. Uma coisa que "é do cacete" é uma coisa ótima. Inspira até um trocadilho como o apresentado em uma campanha publicitária sobre o Caribe:
Aruba é do Caribe.
É claro que Aruba é do Caribe, mas a intenção é outra.
Esse Caribe da frase está no lugar de uma expressão popular que tem o tom de positivismo. Quando uma coisa "é do cacete", ela é muito boa.
Expressões como essa não devem ser usadas em textos formais. São liberdades lingüísticas que só fazem sentido no padrão coloquial da linguagem, no padrão do dia-a-dia.
Existem certas expressões que são usadas no dia-a-dia de modo mecânico e muitas vezes sem muita certeza. É o caso da expressão "a par". Ou será que é "ao par"?
A dúvida é lançada nas ruas e muita gente acerta.
O certo é dizer "a par" - Eu estou a par da situação".
Outra expressão que provoca calafrios é aquela dita em situações em que a pessoa que diz tem de correr: "Eu, heim?!! Pernas pra que te quero!"
De volta à rua , dessa vez as pessoas erram feio. O certo seria dizer "... pernas pra que.... ?".
Se "pernas" é plural e "te" é singular não combinam. Logo, "pernas pra que vos quero".
Outra expressão, também muito usada é "grosso modo".

As pessoas dizem, normalmente, "a grosso modo". Mas a expressão é latina e deve ser dita na forma original "grosso modo", que significa "de modo grosseiro, impreciso".

Fonte: http://www.scribd.com/doc/29981/Pasquale-Cipro-Neto-Nossa-Lingua-Portuguesa

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